quarta-feira, 10 de setembro de 2008

para José de Qualquer Coisa no tempo em que não há tempo para coisa alguma

Caro José,

não sei quem tu és,

tampouco eu sei quem sou:

empatamos.


Empatados,

um defronte do outro,

invisíveis de cada lado do Mar de bits

separados por um Moisés digital,

sopramos vento do sopro que nos dá vida

soprando essas letras tentando lhes dar vida,

se a chuva do olho alheio nelas cair.


Brotará mais vida

de cada palavra lida - mesmo que não entendida

e mesmo que sem tempo

para degustações fonêmicas ou apreciações

gramáticas dessas entrelinhas -

?


Escorrerá dessas palavras emendadas por espaços vazios

algo para preencher a vida que se nos apresenta cheia de sua

ausência?


Não sei,

nem pergunto a você,

perdido em seu tempo

como eu perdido no meu – almas

em garrafas pet, metarecicladas

no sem-fim que espreita o fim

da página ou do poema.


Não sei quem te inventa

tanto quanto não sei quem me inventa – se

me invento? Não... não quereria-me tão pouco

com tanta letra e palavra bonita

no dicionário...


Não sei se te inventas, soprando de longe

essa alma de Qualquer Coisa..., José...


Sei de ti quanto tanto sei de mim: Nada!

a não ser letras portadoras da Alma

impregnada de Luz em uma lauda e quantos caracteres – signos

de quem nasce nas letras (& seus vazios) –

e Verbo impregnando vontades movidas a quereres que isso tudo não seja

apenas isso:

um aperto que enche o eco do peito

no fim do dia sem Música e barulhos de motores

e unhas roídas.



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poesia escrita após ler os capítulos iniciais do livro "José de Qualquer Coisa (Qualquer Coisa de Qualquer Coisa)" escrito por Paco Bernardo e disponível para download nessa página do Overmundo:
http://www.overmundo.com.br/banco/jose-de-qualquer-coisa

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