quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Cada um tem sua medida pro choro:


3 minutos,
2 horas,
1 ano...
e haja lágrimas para transpor rios de dor
enganchados nos desertos de seres tão
cheios de vontades e famintos de Tudo
em meio ao grande banquete do Nada
que se nos oferece
prostitut&docemente
a vida:
cobra por vivêmo-la, nossos sonhos
e alguns dos sonhos dos outros,
nesse grande curtume de almas
que sofrem e expiam seu tormento
na labuta de todo sant&profano dia,
sangrando de pouquinho
em pouquinhos
rios
de poesia.
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A imagem é uma colagem de Fúria!
Tirada com uma Canon PowerShot A310, em 28 de abril de 2006.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

sobre pulos e pulsos



sobre pulos e pulsos muros
fiz carreira e pulei da beira da fronteira
pra outra beira da outra fronteira:
vi que era a mesma terra que enterra quem pisa nela duladicá
que duladilá,
que era o duladicá antes d'eu pular...

pulso voa
embrionariamente no olho colado ao passarinho,
folha, besouro, urubu, avião, pipa, balão
& esses seres novos que voam: sacos plásticos,
monóxido de carbono, migrando pro Sol.
olho olha e voa pulso anzol de sonhos,
os mesmos & de sempre doces algodão nuvem
que choram aboios em garrafas vazias gritando vento
de seu ventre música, coração invisível mola!

repentes,
abrupticivolatilidades vulcânicas,
rastros dos passos das Musas - cegas ou não -
essas que são venTempestade em corações_Brasa abertos
fogueira-garrafas dos cantadores da Morte & Vida
nossas ventre música gritada
pra espantar os espantos d'Alma...

cá,
poeira do Espaço:
detrás do perene expresso espesso Canto,
nós,
amarfanhados 'num balaio de nós'
& fronteiras - que só existem pra quem as crê -
.

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Overmundo, 23.02.2008, 21h41...

escrito após ler: O PULO na jogada de versos, de André Pêssego.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Poeticoperáriofício: versos para conter Mundos, libertando-Os em vôo


Em operário ofício de suar o sentimento
e verter-lhe fluida argamassa sangue,
derramo na aurora o rubro desse canto
em gritos de concreto armado mangue:

racha pele, explodem poros,
pelo rosto todo notas se esgarçam
tentando dizer cores sobre impossíveis
coisas que voam dentro do peito,
como se coisas estrelas cadentes
e dentro o céu riscado.

Rio de ligar terras nuas,
Mar de ligar continentes perdidos de mim
aos outros continentes perdidos de si,
pangeanamente dissolvidos por esse líquido sentir,
arroio que desenha na Alma
fronteiras entre o Ser e o Nada,
enleio da carne ao Espaço!

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Overmundo, 26.02.2008,

respondendo a observações sobre a poesia 'sobre as palavras serem pontes de ligar o todo ao Infinito', feitas por Saramar Mendes e Nydia Bonnetti. Houve mais dois (ou três?...) desdobramentos poéticos desse comentário, condensados em mais poesia... por isso resolvi chamar POECIO este blog, que é como me sinto em relação às palavras: em permanente orgia dos sentidos de querer dizer Beleza para gozar e ter vários êxtases do Espírito com todos os sentidos. Poecio, Poecios...
Foto magnífica, do fotógrafo sergipano Sidclay Dias: 'Tangerine Sky' - "Taken in Belém, Pará, 06 Feb 2008, during a photographic reunion of the Flickres members of the "Bem Belém, Bem Pará" group".
Flickr